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Parkour, para trabalhar tem que organizar.

A importância da gestão nos novos negócios.

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O Parkour surgiu na década de 80 nos subúrbios parisienses, Lisses, Sarcelles e Évry. A prática surge concentrada principalmente na capacidade de se movimentar livremente, superando qualquer obstáculo, utilizando apenas o próprio corpo como ferramenta.


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Mas se você chegou até aqui e conhece um pouco da história da prática, você provavelmente já sabe disso. Então, por que eu estou falando do início do Parkour num texto sobre gestão?



Bem, precisamos entender de onde a prática vem para entendermos a resistência que muitos praticantes ainda hoje têm em se organizar. Durante os primeiros anos da prática no Brasil, surgiram muitos grupos de jovens praticantes, que se auto-organizavam. Geralmente esses grupos realizavam treinos gratuitos e dividiam com os novos participantes o que eles aprendiam, ou na internet ou com praticantes mais antigos. Era um ciclo de aprendizagem completamente voltado para experiências empíricas de tentativa e erro. Então, dentro daquela lógica de aprendizagem e troca de conhecimento, fazia todo sentido não cobrar por aulas de parkour, por exemplo. Afinal, eram jovens trocando o pouco conhecimento que tinham sobre uma prática ainda muito nova e um conhecimento incipiente.


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Acontece que esse jovens praticantes deixaram de ser tão jovens e assim começaram a se profissionalizar e buscar conhecimento. E isso coincide com uma pequena explosão de tentativa de organização do cenário nacional - que se dá através da formação das primeiras Associações de Parkour há cerca de 10 anos. Entretanto, a grande maioria delas não conseguiu se manter de pé. Mesmo as que ainda existem no papel, têm muita dificuldade em operar.



Um pouco depois do boom das Associações, temos o surgimento das primeiras academias de Parkour do Brasil e com isso um reboliço da comunidade que ainda tem dificuldade de compreensão sobre o que pode e o que não pode ser cobrado. Se esses questionamentos são legítimos ou não, não é nosso ponto com esse texto e sim entender qual a dificuldade dessas organizações de se manterem de pé. Quando olhamos para trás e vemos como pequenos grupos começaram a se organizar e cresceram até virar CNPJs, podemos facilmente pensar que esse crescimento foi planejado e, portanto, com maior chance de êxito. E eu adoraria que essa fosse a realidade desses coletivos, mas, de um modo geral, eram pessoas se juntando em prol de um objetivo em comum, mas sem nenhum método organizacional. E muitos desses grupos acabaram não dando certo; ideias que poderiam ser projetos incríveis morreram na praia por falta de uma estrutura mínima de gestão.


Mas o que seria essa estrutura mínima de gestão? Seria fazer uma plano de negócios super estruturado para dar aulas pagas de parkour ou abrir uma associação, por exemplo?

Bem, eu sempre digo que “menos é mais” e às vezes é importante dar o primeiro passo, mesmo sem ter tudo planejado. Contudo, existe uma diferença abissal entre só começar depois de planejar tudo e começar sem planejar nada. E infelizmente a segunda opção é muito mais popular dentro da nossa comunidade do que a primeira. Muitas associações, por exemplo, começaram simplesmente porque grupos de praticantes se uniram em prol de uma causa. Mas apesar dessa ideia ser muito bonita, ela não se sustenta a médio/longo prazo, porque, mesmo com as melhores intenções, ainda assim o fracasso é muito mais presente do que nós gostaríamos.


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Um dado para comprovar isso no meio empresarial é que, segundo o Sebrae, de cada 4 empresas abertas, 1 fecha antes de completar 2 anos de existência no mercado.


A gente pode deduzir que nenhum empresário abre um negócio pensando em falir. O que acontece no meio empresarial também é aplicável no cenário do Parkour. Os motivos para que, tanto as empresas quanto as organizações de Parkour não darem certo, são diversos. Podemos levantar alguns: ausência de visão objetiva do que está sendo construído; pessoas pouco comprometidas com a causa; dificuldade de compreender o seu público; indefinição de objetivos gerais, falta de dinheiro…


Nós poderíamos crescer muito essa lista de razões para se fracassar, mas o objetivo deste texto é te dar um norte. Então, mesmo sabendo que não existe uma fórmula mágica que vai fazer a sua ideia dar certo, com certeza, se pautar na sorte como único lastro vai fazer a sua probabilidade de dar errado muito maior.


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E como eu começo esse planejamento? Vamos começar do início: o que você quer fazer? Dar aulas, abrir uma academia, fundar uma associação? A partir daí, precisamos seguir alguns passos:


Passo 1 - Pensar gestão é pensar planejamento; e planejar significa pensar o que é a sua ideia, para quem é a sua ideia, como você quer começar e aonde você quer chegar.

Passo 2 - Defina seu público - Saiba para quem você está produzindo. Se é para senhorinhas que querem fazer Parkour, para crianças que precisam de lazer, ou para traceurs que querem se organizar. Outra coisa importante é como o seu público vai ter acesso à sua ideia: vão ser aulas presenciais; online; encontros regulares?

Passo 3 - Pesquise. Pergunte para o seu suposto público sobre a sua ideia. Escute o que eles têm a dizer. E uma dica importante é: não se baseie na resposta de pessoas muito próximas. Dificilmente alguém que gosta muito de você vai dizer que a sua ideia é ruim e nesse momento você precisa de respostas reais.

Passo 4 - Comece pequeno! Por maior que seja o seu sonho (e nós sabemos que o céu não é o limite), começar pequeno, validando a sua ideia, vai fazer você ter menos chances de tomar grandes prejuízos. Lembrando que a possibilidade de mudar tudo, caso dê errado, é bem mais fácil. Definição de escopo é um dos erros mais comuns de quem está começando, mas é como no Parkour: você não vai fazer uma precisão em barra, se você não faz uma precisão no meio fio. Base é tudo!




Agora que você descobriu o que você quer fazer e para quem você quer fazer, é importante saber como fazer. Estude seus concorrentes (os que deram certo e os que deram errado), veja a quem você pode se aliar. Aprender com os erros dos outros é fundamental e conseguir bons parceiros é uma das bases para um negócio dar certo. Descubra com quem você pode contar. Não hesite em pedir ajuda. Para formalizar uma organização é necessário realizar muitas funções. E para isso, é melhor que o trabalho seja compartilhado.

Pronto, nós começamos a desbravar esse mundo. Temos um vasto caminho pela frente. Ter dúvidas é normal, nenhuma ideia nasce com todas as respostas. E lembre-se que para ter resultados é necessário método, teste, validação e, sempre que necessário, a reestruturação de todo esse ciclo.



E você já tem uma ideia? Conta para gente quais são as suas principais dúvidas na hora de tirá-la do papel.




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Texto por Ana Antar

Fundadora da ERA Game Studio, empresa responsável pela criação da primeiro Live Game do mundo. Desenvolvedora de jogos por amor, mais gamer do que os outros pensam e menos do que gostaria. Organiza a Women Game Jam, maior game jam para mulheres da América Latina. No tempo livre, caça pokémons, pula muros há mais de 10 anos, participou da antiga Associação Brasileira de Parkour e hoje ajuda pessoas a transformarem suas ideias em projetos.


 
 
 

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