Dificuldades no parkour que todo mundo passa.
- Poliana Sousa

- 18 de mar. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de jun. de 2020
Quando estamos interessados em algo é natural corrermos para a internet e pesquisar loucamente o que queremos. No Parkour, isso é natural e muito assustador também. Afinal, o que encontramos de primeira são vídeos de pessoas extremamente habilidosas fazendo coisas absurdas e perigosas ou também vídeos de quedas. Mas... calma lá que essas dificuldades podem ser minimizadas.

Lana Rodrigues - Praticante de parkour veterana de Brasilia. Foto de Leandro Clicks
Para nós, praticantes, torcemos para que qualquer curioso caia em uma página útil, preocupada com a integridade no novo praticante, principalmente se for um pai ou uma mãe que foi atrás no novo interesse do filho. Há muitas praticantes experientes no Brasil que produzem conteúdos bons, educacionais, motivadores, cautelosos e com progressóes.
Se você conversar com alguns praticantes, verá que cada um possui motivos diferentes para praticar. As histórias são bem interessantes, porém a paixão pelas conquistas e os desbloqueios de movimentos são quase os motivos gerais. Digo isso por escutar predominantemente esse argumento nos últimos 13 anos de prática. A superação pessoal é um sentimento único e maravilhoso. Aqueles que conseguem explicar com detalhes, ganham um cantinho no nosso coração, afinal quem já sentiu tende a valorizar.
Esses sentimentos também variam de acordo com a idade e fase atual, bem como o tempo de prática de cada um. As nossas motivações para treinar em casa, se manter forte e flexível ou sair e explorar as ruas da cidade também variam. Não há regras de motivação e desmotivação. Há simplesmente, estilos de vida diferenciados. E só.
Quando você já passou da fase de fazer aulas e já tem uma certa autonomia de vida, começa a se preocupar em como encaixar sua rotina de treinos dentro das responsabilidades familiares, profissionais, financeiras, entre outras.
Quando você é novatão no parkour, sua preocupação, até então, é ser aceito nos grupos de treinos, não é? É ter audiência e elogios nos seus novos vídeos publicados. Ou simplesmente “mandar super bem nos seus mortais radicais”. Não se preocupe, isso é super normal.
Acredito que quase todo mundo que treinou há anos, passava quase o dia todo na rua. Hoje, é fácil ver adolescentes fazendo isso. Tem tempo de soooobra pra treinar. Isso é bom, afinal é tempo de realmente evoluir horrores e ganhar habilidades que permanecerão por quase toda a vida, por mais que não estejam 100% em eficiência em alguns anos adiante, lá estarão sempre alguns resquícios dessas "skills" conquistadas. Dessa forma, é respeitável e admirável quem, mesmo com trabalho exaustivo, ônibus pra cima e pra baixo, filhos, escola e faculdade, pouca grana entre outros ainda achar tempo para se manter ativo e quem sabe, se superando também. E aquele outro que passa o ano todo juntando grana e se organizando para ir naqueles encontros nacionais épicos. Tem aquele também que nunca filma mas tá felizão de fazer parte de uma comunidade tão bonita.
O questionamento não é sobre ser bom, estar em destaque, ter nível de competição ou estar entre os populares... e sim sobre ter e manter a filosofia parkour dentro de si. É fantástico quem acha motivação interna e externa de alguma maneira para continuar se movimentando. Isso não é privilégio do parkour, acontece em praticamente todos os esportes e em todas as idades. Em cada fase há dificuldades diferentes.
Então, SOBRE essas DIFICULDADES PARA TREINOS, vão algumas dicas.
Para os novatos. Não se iluda com as peripécias loucas dos praticantes Storror ou Storm, por exemplo. Use-os como inspiração, descubra o que eles fizeram para ter tamanhas habilidades e sucesso em seus filmes...é um longo caminho até lá. As dificuldades de começar certo envolvem dedicação, instrução, estudo e muita prática. Procure muitas fontes, peça ajuda dos praticantes pelo Brasil, seja um curioso. Mas também seja inteligente. Seja crítico. Avalie o que estão dizendo e fazendo por aí. Crie o seu estilo próprio de treino.
Para os pais, as preocupações envolvem segurança, diversão e educação. Dessa forma, procure instituições de ensino e bons professores de parkour na sua cidade. Comece a praticar junto com ele, leia e assista vídeos também. Estimule seu filho a explorar, subir, descer, BRINCAR, insistir nas coisas difíceis. Isso já é bem suficiente. Entenda dos princípios do parkour e exija a proposta pedagógica dos locais de ensino que escolher.
Para os veteranos, as dificuldades envolvem muita motivação para continuar e sair do platô de evolução. Primeiramente, entenda que por mais que vc treine SÓ pra você, ainda será pura inspiração para muitos. O que você fala, faz, treina e publica nas redes são de grande valia no mundo parkour. Observe quem tá ali de canto escondido no treino, às vezes essa pessoa só precisa de um “vem fazer”, “tenta assim” ou “eu te ajudo”. Muitas vezes, ensinar é fazer diferença na vida de outro, isso traz uma motivação infindável. Lembra também que, quando você construir um super pico de parkour, além de você, outras pessoas vão treinar lá, principalmente os iniciantes vão gostar de ter coisas para as alturas e distâncias deles. Provavelmente você contribuirá para dezenas de pessoas sentirem o que você sente há anos. A sua antiga dificuldade pode ser a dificuldade de alguns agora. E mais ainda sobre as motivações para treinar, entendade de benefícios e longevidade. “Ser e Durar” é um dos conceitos mais lindos, importantes, sérios e valiosos que temos. Ahh, humildade também faz bem, né?
Para os atletas, lembrem-se: é quase um emprego. Você precisa de resultados, de pódio. Precisa vender suas habilidades para seus patrocinadores. Precisa representar sua cidade, seu país. Precisa ser exemplo. Você também vai precisar se esforçar mais que todo mundo. Invista nos cuidados do corpo e da mente com vários profissionais de saúde (médicos, fisiologistas, fisioterapeuta, treinadores, nutricionista e psicólogo) e treine quintuplamente mais que todo mundo. Já estamos na torcida. Ok? As dificuldades de um atleta, normalmente, são as mais complicadas.
Assim, digo que a empatia (se colocar no lugar dos outros e tentar sentir o que ele/ela sente), é uma super habilidade que te faz ter respeito e admiração por todos ali em cima citados. Seja um traceur completo. Entenda todos os lados. SINTA MAIS!
Esse texto foi baseado no BendCast do @bendproject Para ouvir o referido Podcast no Spotify, click aqui Até logo e bons treinos a todos
Poliana Sousa - Brasília @poliizz







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